For who speaks English, please see this link: http://arc-team-open-research.blogspot.com.br/2013/06/a-skeleton-of-medicines-history-museum.html
Tive a honra de ser convidado a palestrar no FISL14 que se realizará em Porto Alegre do dia 03 a 06 de julho.
Há algum tempo estava buscando algum crânio histórico presente naquele estado para apresentar a reconstrução em minha fala, tudo evidentemente sem sucesso, até que recebi um e-mail do Museu da História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHN). Nesse e-mail soube de um esqueleto presente no museu. Apelidado de Joaquim, ele atrai os olhares de todos os visitantes e é sucesso entre as crianças.
Pouco se sabe da vida do indivíduo em questão, apenas que fora um presidiário indigente, morto em 1921 na França. Em 2006 ele foi doado ao museu brasileiro por uma família de médicos.
Após a apresentação inicial do Joaquim e sua breve história, informei aos responsáveis que eu precisaria de uma tomografia computadorizada do esqueleto para que pudesse fazer não apenas a reconstrução facial, mas do corpo inteiro, num segundo momento.
A tomografia foi feita e posteriormente recebi alguns gigabytes de arquivos DICOMs (próprios de tomografias).
Para reconstruir em 3D os ossos utilizei o programa brasileiro InVesalius. Como se tratava de um número grande de fatias, foi necessário fazer várias exportações, cada uma pensando em uma parte da estrutura.
Nessa primeira fase do “Projeto Joaquim”, faremos apenas a reconstrução facial. Por conta disso me concentrei nessa região, ao selecionar e limpar os ossos do crânio até os ombros. Esse processo foi feito no Meshlab, onde a manipulação de modelos complexos é mais rápida e prática.
Com o arquivo em mãos pude iniciar o processo de reconstrução. Como está evidente, a mandíbula do Joaquim está ausente. Em face disso, precisei fazer uma projeção utilizando o método de Sassouni/Krogman presente no livro da Karen T. Taylor. Utilizei uma mandíbula de outro crânio, deformando-a até que se adequasse a forma pretendida e aos encaixes naturais.
Com a ajuda da tomografia e de alguma fotografias tiradas de locais estratégicos o Dr. Paulo Miamoto, especializado em odontologia forense estipulou a faixa etária do Joaquim entre 30-50. Já deixo registrado aqui meu agradecimento pela ajuda.
Com a idade estipulada posicionei os marcadores de profundidade do tecido mole.
Uma vez posicionados os marcadores, foi possível traçar o perfil do Joaquim.
Em seguida os músculos principais foram colados ao crânio.
E por fim a pele, roupa, cabelo e barba, até que a aparência do Joaquim se revelou completamente.
Como não poderia deixar de ser, um infográfico das etapas foi editado no Inkscape.
Não sei se ele de fato era francês, mas a aparência lembra muito um cidadão daquele país.
Esse trabalho foi muito instigante pois se mostrou desafiador ao não apresentar todas as peças do esqueleto, fazendo-me buscar na literatura científica uma solução para o impasse.
Foi muito satisfatório por que me permitiu devolver a face de um homem sem história e até então sem rosto. Sempre que vejo um esqueleto ou um crânio costumo respeitá-los imensamente, afinal, aquela já fora a casa de uma consciência única. Parte da história daquele ser se confundiu com a minha própria e daqueles que lêem esse post. Seja ele de centenas de milhares de anos, do antigo Egito ou mesmo da frança do século XX como o apresentado aqui.
UPDATE: Matéria no jornal Zero Hora de Porto Alegre.
Agradecimentos a:
Éverton Quevedo
Letícia Castro
Um grande abraço a todos!
Muito bacana numa rodada de cerveja gostaria de saber mais sobre os critérios que se segue para desenhar o rosto com o cranio como referência. De qualquer forma é um ótimo trabalho cicero !!
Gostei muito e gostaria de saber mais sobre softwares livres, haja vista hoje a microsoft vem ofereçendo cada dia um SO, muito caro de dificil acesso ao cidadão.
Excelente Trabalho Parabéns!
Muito trabalho e estudo, parabéns!