Reconstrução facial de uma criança indígena

For who speaks English, please see this link: http://arc-team-open-research.blogspot.com.br/2013/06/forensic-facial-reconstruction-of.html

Desde que comecei a estudar reconstrução facial forense em poucas oportunidades tive a chance de estar vis-a-vis com o crânio que seria reconstruído.

Ao viajar para Curitiba, onde eu participaria do Feliz Dia da Múmia 2 como palestrante e da exposição Faces da Evolução (Museu Egípcio e Rosacruz), pude enfim ver todas as réplicas de crânios de  hominídeos que reconstruí, bem como rever a Tothmea, estrela maior do Dia da Múmia.

Nesse ínterim juntamente com o Prof. Dr. Moacir Elias Santos e a Profa. Liliane Cristin Coelho (ambos do museu Arqueológico de Ponta Grossa) fui ao Museu Paranaense, onde apreciamos o acervo, tiramos algumas fotos e vimos nos ossos de uma criança indígena presente no museu a possibilidade de uma bem sucedida reconstrução facial forense.

Aproveitando o know-how de outros escaneamentos, o prof. Moacir tirou uma sequência de fotografias da criança indígena. A câmera, apesar de ser muito boa, pode ser classificada como comum. Além disso, as condições de iluminação do museu estavam coerentes com a mostra, mas um tanto fracas para uma sessão de fotos.

Mesmo assim, nós não precisaríamos alterar em nada essas condições para fazer um bom escaneamento. Ou seja, faríamos o trabalho da forma menos invasiva e mais respeitosa às políticas de exposição do museu (fotos sem flash e sem tocar no objeto exposto).

Apesar da técnica de escaneamento 3D por fotografia funcionar muito bem, ela carece de um sistema automático de dimensionamento para por o objeto na escala. Para resolver esse problema, utilizei um folder que o museu oferece aos visitantes e tirei a medida das legendas dobrando-o nas duas dimensões. Posteriormente, no conforto do lar, tirei as medidas e guardei-o cuidadosamente.

O escaneamento correu tranquilamente no PPT-GUI. A nuvem de pontos formada serviu bem para as pretensões de reconstruções e a legenda pode ser utilizada como referência de escala, pois fora reconstruída em suas extremidades.

Apesar da boa qualidade das fotos e do escaneamento, uma parte do crânio estava junto a parede o que impossibilitou que as fotos cobrissem aquela área (lembremos que o objetivo era não mexer em nada a peça exposta).

Para resolver esse impasse, lancei mão de um espelhamento virtual no Blender.

Bastou então apagar as áreas sobrepostas e o crânio estava completo.

O passo seguinte foi colocar os marcadores de profundidade de tecido mole segundo a tabela de Menhein et al. (2000). Como a criança tem em 7 e 9 anos, optou-se pelas medidas de 8 anos.

Com as profundidades básicas setadas, foi possível fazer um traçado geral da face pela lateral. Apesar do artista ter algumas liberdades na reconstrução facial, alguns aspectos são fortemente ligados a forma que as tabelas e artigos científicos oferecem, não há como burlar isso.

Na sequência, utilizou-se uma musculatura já modelada, deformando-a para que se adequasse ao crânio da criança.

O mesmo ocorreu com a pele, onde utilizei uma cabeça adulta previamente modelada para servir como base de deformação. O objetivo era testar uma metodologia que estamos desenvolvendo para tornar o processo de reconstrução mais prático, rápido e acessível a qualquer interessado.

Depois de uma série de deformações e adequações consegui converter a cabeça de um adulto em uma cabeça de uma criança.

A fase seguinte consistiu em esculpir os detalhes da face como as linhas de expressão, bem como o ajuste dos olhos a uma forma mais coerente com o tipo asiático. Para isso contei com o auxílio do Dr. Paulo Miamoto, doutorando em odontologia forense.

Por não contarmos com os dados acerca do sexo da criança, optamos por criar um modelo neutro.  O resultado final ilustra uma criança com características asiáticas.

Para quem quiser ler mais sobre o assunto ou mesmo aprender sobre as técnicas demonstradas no decorrer dessa publicação, seguem alguns links:

Escaneamento 3D por fotografias: http://www.ciceromoraes.com.br/?p=722

Melhorando a qualidade de um escaneamento 3D por fotografias (esfinge fotografada em um museu da Itália): http://www.ciceromoraes.com.br/?p=463

Reconstrução facial forense para iniciantes: http://www.ciceromoraes.com.br/?p=646

Blender para iniciantes: http://www.ciceromoraes.com.br/?p=60

Espero que tenham apreciado.

Um grande abraço a todos!


One thought on “Reconstrução facial de uma criança indígena

  1. Rodrigo

    Olá Cicero! ficou muito bom o seu trabalho! Vc manja muito do Blender e Reconstrução facial!! com certeza vc é referencia nesta arte aqui no Brasil! abraços!

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