Fui assaltado e levei um tiro… “felizmente” foi de raspão e isso aconteceu há quase cinco anos atrás.
Estou compartilhando essa história por que finalmente superei tudo isso e coisas boas aconteceram depois desse momento traumático. O que mais me alegra é não ter ficado com ódio das pessoas que cometeram esse ato, não que esse sentimento não tenha me tomado o coração… o fato é que superar e esquecer é melhor do que alimentar algo que apenas lhe fará mal.
Focando no lado bom, foi justamente depois do assalto que eu comecei a estudar acerca de reconstrução facial digital, um campo que mudou a minha vida para melhor. Me fez conhecer pessoas fantásticas e entrar em projetos no Brasil e em outros países.
Aproveito aqui para agradecer a todos os amigos que me apoiaram e me ajudaram a superar esse triste capítulo da vida. Valeu mesmo pessoal!
Segue abaixo o relato que escrevi um dia depois do ocorrido. Alias, dois dias depois de ter escrito isso, descobri que eles haviam quebrado uma costela minha com os chutes desferidos no momento que me dominaram. Felizmente me recuperei bem e dois meses depois fui campeão de supino na academia que frequentava. Sim… nerds fazem isso também :D. Brincadeira à parte, isso foi muito importante para a minha recuperação, ja que fiquei quinze dias quase trancado em casa, com medo de tudo e de todos.
Vamos lá:
Fui assaltado ontem. Cheguei em casa, e como sempre fui na casa da minha mãe ver como as coisas estavam. Chegando lá observei que o notebook dela estava ligado na cozinha e a sua bolsa no chão. Achei estranho e fui ver o que eles estavam fazendo. Quando entrei na sala dois caras me renderam armados. Minha mãe, meu padrasto e meu sobrinho estavam sentados com a expressão abatida.
Me deitaram no chão e me deram chutes. Pediram para a minha mãe me amarrar. Ela fez isso com muita tristeza, fiquei com dó dela, pois quando terminou de amarrar me deu dois tapinhas com as mãos fechadas, como que pedindo perdão pelo ato.
Foram na minha casa que ficava próxima e roubaram meu computador e outras coisas. O computador tinha projetos de 2009 a 2011. Naquela época eu não fazia backup, então, perdi tudo.
Eles queriam dinheiro de qualquer jeito. Peragam 350,00 que minha mãe tinha, e deixaram 450,00 de lado por que eram moedas e julgaram o pacote muito pesado. Eles queriam ir na empresa do meu padrasto pegar dinheiro no cofre (vazio) e queriam levar a minha mãe. Fiquei desesperado. Eles apontaram a arma para ela, para meu sobrinho, bateram nela. Foi horrível.
Não contentes com o que tinham pego, falaram que se não tivesse dinheiro lá nós morreríamos. Começaram a fazer sons de tiro várias vezes falando que iriam matar meu sobrinho. Eu fiquei o tempo todo deitado no chão com a cabeça encostada sem fazer nada.
Enfim, estava na cara que alguém levaria um tiro.
Mas eles fizeram algumas coisas que me levaram a raciocinar. Falaram que eu era forte no começo (e me bateram). Todo o momento falaram para eu não reagir. Pediam se eu não reagiria. Compreendi que eles estavam com um pouco de medo. Daí pensei, se eles apontarem a arma para mim, e isolarem minha família EU VOU MORRER mas minha mãe e os outros vão fugir.
Eu estava realmente desesperado. Eles queriam levar a mãe para a empresa e o plano era o “cara” dar um toque. Se ele desse UM TOQUE era para o outro nos matar. Só que a minha mãe não sabe dirigir e ela estava passando mal. Ela é hipertensa e meu padrasto diabético. Como ela não sabia dirigir e o meu padrasto estava passando mal também, eles pediram se eu sabia dirigir. Disse que sim. Eles me desataram (eu estava com as mãos e os pés amarrados).
Me levantei e percebi que os dois ignoraram o resto da minha família e apontaram os dois revólveres para mim. Não pensei duas vezes. Pulei neles e carreguei-os por 5 metros até que ficamos isolados no quarto de visitas. Eles, ao invés de atirarem, começaram a dar coronhadas na minha cabeça. Eu me preocupava em fazê-los cair para desnorteá-los. Fiquei em luta com os dois elementos por uns 3 minutos. Numa dessas, um deles efetuou um disparo e o meu ouvido ficou zunindo. Quando eu pensei que estava perdido, apareceu meu padrasto, um senhor de 1,90 m com uma cadeira que usou para golpear um dos elementos. A minha mãe gritava muito. Fico desesperado só de lembrar e bastante emocionado. Eu estava chorando até agora por causa disso.
Eu só pensei na minha família, queria que eles corressem. Meu padrasto veio me salvar e minha mãe também. Os caras saíram correndo. Meu padrasto atrás, tentei puxá-lo, mas não sabia o que estava acontecendo. Quando me dei conta ele já tinha ido lá na frente da casa acompanhando os caras e eles tentaram disparar mais duas vezes. Por sorte as balas não foram acionadas e os projéteis caíram no chão.
Eles então sairam correndo com duas bicicletas, uma delas caiu a corrente e um dos caras abandonou-a. Nisso eu já comecei a gritar:
– Ladrão armado!!! Socorro, ladrão armado!!!
O pessoal da rua começou a sair e quando um morador se aproximou para interceptá-los eles levantaram as armas fazendo o vizinho recuar.
Voltei para casa, tinha sangue no chão. Passei a mão na cabeça e ela sangrava bastante. No guarda roupa onde lutei com eles tinha um buraco de bala e respingos de sangue. Eles haviam atingido a minha cabeça.
Quando tudo ficou mais calmo fui para o pronto atendimento e lá cuidaram do meu ferimento e fizeram dois pontos na cabeça. Felizmente a bala pegou de raspão.
Estou muito contente por estar vivo, ainda que o medo tenha se tornado um constante companheiro. Espero um dia a tudo isso superar.